A profecia se cumpre


O Eufrates, que é citado pela
primeira vez na Bíblia no livro de Gênesis, era um dos quatro rios que
irrigavam o Jardim do Éden (Gn 2.10-14). Além disso, ele foi de suma
importância para o desenvolvimento da civilização mesopotâmica,
conhecida por ser um dos berços da civilização humana e onde hoje está
localizado o território do Iraque. Em função das extensas áreas férteis
próximas aos rios, diversos grupos se estabeleceram no local a fim de se
beneficiar da água, pesca, alimentação e transporte.
Consequências da seca
O livro do Apocalipse, redigido
pelo apóstolo João, enquanto estava exilado na Ilha de Patmos devido à
perseguição imposta pelo imperador romano aos cristãos, foi um dos
últimos a serem escritos, em 95 d.C. Considerado um dos mais
enigmáticos, pelas inúmeras figuras de linguagem utilizadas, o
Apocalipse traz importantes revelações aos cristãos de todo o mundo.
Em uma delas, o apóstolo relata a situação futura do Rio Eufrates, que, segundo a profecia, irá secar."Derramou
o sexto a sua taça sobre o grande Rio Eufrates, cujas águas secaram,
para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento
do sol." (Apocalipse 16.12)
De acordo com análises feitas por
especialistas, três fatores cooperaram para a seca do Rio Eufrates: uso
incorreto das águas fluviais pelos agricultores, perdas ambientais nas
proximidades do rio e políticas inadequadas do uso do potencial hídrico
por parte dos governos turco e sírio.
Como consequência da seca, muitos
fazendeiros saíram das proximidades do Eufrates em busca de trabalho em
outras regiões. Onde antes havia plantações de arroz, cevada e tâmaras,
hoje há terras áridas.

Na reportagem feita pelo jornal
americano, a iraquiana Bashia Mohammed, de 60 anos, passou a trabalhar
em uma piscina de drenagem ao lado da estrada, colhendo sal, uma vez que
a plantação de arroz secou.
"Não há água do rio para
bebermos. Agora está totalmente seco e contém água de esgoto. Eles cavam
poços, mas às vezes a água simplesmente é cortada e temos que beber do
rio. Todos os meus filhos estão doentes por causa da água", disse
Bashia, referindo-se ao canal que flui do Eufrates.
Já o agricultor Hashem Hilead
Shehi, de 73 anos, acredita que os próximos invernos serão a última
chance. "Se não conseguirmos plantar, então todas as famílias terão que
partir", afirmou.
Os governos turco e sírio são
considerados os principais culpados pela atual situação do rio. Há sete
represas no Eufrates na Turquia e na Síria, e, de acordo com as
autoridades iraquianas, não há nenhum tipo de tratado para a gestão das
águas.
Rios e lagos sofrem com a má utilização
Além do Eufrates, outros grandes
rios e lagos ao redor do mundo têm sofrido com a seca, como o Mar de
Aral, na Ásia Central; o Rio Colorado, no Arizona (EUA); e o Lago Mead,
em Nevada (também nos Estados Unidos). De acordo com pesquisadores do
Centro Nacional Norte-americano de Pesquisa Atmosférica (NCAR), os
principais fatores que desencadeiam a seca incluem instalação de
barragens, utilização de água para a agricultura e mudanças climáticas,
que estão alterando os padrões de chuva e aumentando a evaporação devido
às altas temperaturas.

Mar de Aral
Lago de água salgada localizado
na Ásia Central, o Mar de Aral já foi o quarto maior lago do mundo, com
68 mil km² de superfície. Em 2007, o tamanho original foi reduzido em
10%, e em 2010 estava dividido em três porções menores, em avançado
processo de desertificação. Com a seca, a indústria pesqueira foi
gravemente atingida, provocando desemprego e dificuldades econômicas.
Segundo o instituto americano, nos últimos anos, o Mar de Aral
representa um dos maiores estragos ambientais causados pelo homem na
história.
Rio Colorado
Localizado no Arizona, nos
Estados Unidos, o Rio Colorado teve seus cursos d’água severamente
reduzidos em função do desvio para o cultivo e abastecimento de vilas e
cidades. Segundo o NCAR, a pouca água que resta no rio está poluída, e a
seca de vários anos reduziu significativamente a quantidade de chuva
que o abastecia.
Lago Mead
Em pouco mais de 1 década, o Lago
Mead, em Nevada, nos Estados Unidos, teve uma redução no volume total
de água de 60%. A seca persistente já causou grandes estragos. Segundo
David Pierce e Tim Barnett, pesquisadores do Instituto de Oceanografia
da Universidade da Califórnia, uma análise da situação atual mostrou que
há 50% de chances de o Mead desaparecer até 2021. A previsão é
impulsionada pela mudança climática associada ao aquecimento global, aos
efeitos da variabilidade natural do clima e ao estado atual de operação
do sistema de reservatório.
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